Resenha: Conto "A Donzela de Orleans"
Autora: Gabriela Severo
1º lugar no Concurso Mulheres Históricas - 1º concurso de contos do perfil Ficção Histórica BR
Cenas. Recortes. Momentos.
É assim que a vida de Joana D'Arc se apresenta para nós no conto de Gabriela Severo. Não acompanhamos a donzela desde seu nascimento, embora a sigamos até seu malfadado fim. A autora não nos conta muito sobre quem foi a jovem Joana, não explora se ela era uma criança alegre, quais seus interesses. O conto começa onde a missão de Joana começa, e assim se mantém a fidelidade histórica ao pouco que conhecemos dessa célebre heroína medieval.
A história de Joana é célebre, e, por mais que nem sempre seja estudada na escola, foi alvo de tantos filmes e inspirou tantas outras histórias, que não é exagero dizer que quase todos a conhecem: a mulher que, dizendo ter ouvido mensagens de anjos, disfarçou-se de homem para conduzir o exército da França e libertar seu país do jugo estrangeiro. Disfarçar-se de homem, em plena Idade Média, não podia deixar de causar escândalo, mas não foi de imediato que Joana recebeu a repreensão da Igreja Católica. De início, quando cumpriu com sucesso sua missão de encontrar o delfim francês Carlos e lutar pela libertação de Orleans, ela foi tida como heroína. Depois, porém, com os interesses sempre flutuantes das pessoas no poder, a qualificação de Joana mudou: suas alegadas visões de anjos foram desqualificadas como perturbações demoníacas, e a moça foi condenada como bruxa, recebendo a punição correspondente.
(Desculpem pelo spoiler).
O centro do conto se conecta com o centro da vida e da missão de Joana: suas visões. São elas que movem a fé da garota, e fazem uma camponesa adolescente agir com coragem frente a exércitos e poderosos. As dúvidas sobre a autenticidade dessas visões são a única coisa que perturba Joana – como lidar com o fato de que tudo aquilo em que você baseou sua vida pode ter sido uma mentira, uma ilusão?
A História não tem um parecer conclusivo – e nem pode ter – sobre se essas visões ocorreram ou não, e se foram realmente anjos, demônios, ou estranhos efeitos da má digestão. A dimensão espiritual está fora do alcance da investigação científica da historiografia. O conto, porém, nos traz uma conclusão.
Se é a conclusão correta, não sabemos, mas não há dúvida de que ela fecha muito bem com a personalidade de Joana e com toda a tônica da historieta, e causa arrepios, literalmente, no leitor.
Assista a resenha em vídeo, feita pelo CanaldaCaputo em:
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